VITA BREVIS
mas no barco do poema segue a viagem
anterior ao
naufrágio quotidiano da memória
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro JÚBILO DA SEIVA, página 15
VITA BREVIS
mas no barco do poema segue a viagem
anterior ao
naufrágio quotidiano da memória
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro JÚBILO DA SEIVA, página 15
(...)
É indiscutível e unânime que a verdade e o estudo do crescimento interior e do cosmos amplia a estética da evolução do pensamento. Quando o contexto histórico influencia a versão robusta da emancipação mental, o caminho será mais dócil com uma série de acontecimentos que mudarão a vida e o pensamento, imprimindo uma edificante, gloriosa e luminosa responsabilidade de adquirir conhecimentos...
(...)
Apresentação do Livro
BIOGRAFIA
FERNÃO DE
MAGALHÃES
GONÇALVES
Por
MANUELA MORAIS
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Fernão de Magalhães Gonçalves viveu menos de meio século, exactamente, e, apenas, quarenta e cinco anos de idade, mas produziu uma Obra com uma enorme e inegável qualidade. Circundou o globo terrestre, como o seu homónimo, o grande navegador. As suas preocupações existenciais caminhavam para lá do conhecimento das verdadeiras potencialidades de saber encontrar o caminho pessoal aliado à nossa imaginação. Foi, sem dúvida, um destacado Poeta, Professor e Escritor. No ensino destacou-se com um enorme sucesso a divulgar a Língua e a Cultura portuguesas, nas Universidades de Granada, em Espanha, e em Seoul, na Coreia do Sul. É considerado o melhor e o mais profundo estudioso da grandiosa Obra do ilustre, e, também, transmontano Miguel Torga.
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Biografia. FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES, páginas 21 / 23.
Autora . Manuela Morais
Biografia é o registo rigoroso e exaustivo da história de uma vida, na perspectiva de quem acompanhou, ao lado, essa vivência em contínua e inequívoca interacção. A realidade deverá ser contada de modo espontâneo, não se pode apagar ou adulterar a memória, distorcer, maquilhar a verdade, enaltecer de forma desmerecida, ou tendenciosa. Não deve ser escrita com a total racionalidade, pois as emoções e os sentimentos são o que de mais puro e humano tem maior evidência na relação das criaturas!
Fernão de Magalhães Gonçalves amava, em profundidade, os livros, as pessoas e todas as formas da criatividade! Possuía um verdadeiro encanto original. Mostrava-se jovial, natural, e o seu olhar, com a cor da avelã, transmitia uma personalidade sensível e sensual. (...)
Manuela Morais
BIOGRAFIA de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES, pág. 11
VII
mesmo perdida cada
aposta em ti
renova em si o
sentido único da vida
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - JÚBILO DA SEIVA, pág. 22
(...)
ouve amor
ao menos esta noite
vem tocar-me
ligeiramente e com um só dos teus dedos
que eu não sei de que segredos
irei ao teu contacto disparar-me
assim
sinto-me o dinamite
de não sei que limite
e de que fim.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - Memória Imperfeita, pág. 42
OH LES BEAUX JOURS
oh os belos dias fechados
(por detrás do futuro meu amor
estava este momento)
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - ANDAMENTO, página 12
Capa de NADIR AFONSO
SEXTA- FEIRA SANTA
As trevas caíram sobre a tarde meu amor
ensopados pelo sangue dos espinhos
os meus olhos procuraram sobre os montes
o perfil parado dos pinhais
dobrada sobre a terra
tu eras a torrente dos nossos serenos dias
estavas como uma rola abatida e eu cuspia ao ar
o vinagre e o fel que tu bebias
secaste as lágrimas no véu que ocultava a vergonha
do meu corpo
seguiste com o olhar o grito
e o eco do meu grito
a terra tremeu debaixo dos teus pés e fixaste
nos meus olhos empedrados
a noite que já mais uniria os nossos gestos.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro -ANDAMENTO, página 15
Capa de NADIR AFONSO
OS DENTES DO LEITE
Quem matou Jesus Cristo? E a terra
abriu-se
redonda e repetida
o véu do templo rasgou-se-me nos olhos e
cá dentro a infância
dividiu-se
quem matou Jesus Cristo? Perguntava o
reitor de mão esticada e
estalada
nas ventas de quem tivesse a fé mal informada
contra mim te escrevo e sobre mim
ao compasso do meu sangue e
à luz da
tua lâmpada de azeite que
me abriu o teu nome e os meus pecados na
letra de cem catecismos rasgados
com os dentes do leite.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - Memória Imperfeita, pág. 75
NOME DO MEU NOME
Nome do meu nome
rouca bainha de não sei que grito
puro atrito
dos teus dedos abrindo as minhas mãos
não sei se neste vazio de formas e de sons
um pássaro nasceu
ou o tempo roeu
seus ramos e pulmões
breve movimento
de cabelos
parado perfil de seios e joelhos
onde se quebra a luz deste momento.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro ANDAMENTO, pág. 14